Depois de uma semana fria e chuvosa, hoje o tempo abriu de
vez. Céu azul, sol escancarado e eu, como nos últimos fins de semana, trancado
em casa. A luminosidade me incomoda muito e, a cada vez que volto de mais uma “sessão
tortura” com o Jiraya que me arranjaram (rs), só penso em ficar na penumbra, de
preferência com óculos escuros.
Ultimamente tenho tido uns sonhos tão estranhos. Acordo de
madrugada, com uma sensação de aperto no peito. Alguns são com meu pai, outros
com o Zeca. Eles me parecem bem, mas as situações, os “enredos” em que os
sonhos acontecem são sempre angustiantes. Não consigo entender, nem quero entender.
Só queria poder parar de sonhar. Tudo deve ser o resultado dos meus temores,
dos riscos velados que eu temo e que não se apaziguam com as palavras de
ninguém. Sei que pra equilibrar esse estado de espírito eu deveria focar mais
na esperança. Mas, cadê força?
Racionalmente eu sei que não posso ser forte o tempo todo. O
meu comportamento, porém, parece obedecer a um “piloto automático”, que vive
bancando o durão e que detesta se mostrar frágil para os outros. Ontem, pela
primeira vez, eu chorei na frente de uma pessoa que não era o Zeca. Depois veio
uma sensação tão péssima, afinal o Claudio está me dando tanta assistência,
está sendo um amigo incrível, mas eu sei que ele está mais apavorado que eu. E
ele deve ter ficado sem ação ao me ver frágil, ou seja, eu devo ter aumentado a
sensação de angústia que ele vem passando comigo. Ele não merecia isso! Depois
tentei me redimir. Comecei a brincar com ele, falando que era bobeira da minha
parte. Preciso tomar mais cuidado, pra não deixar a tarefa dele mais difícil do
que já está sendo. Preciso redobrar o meu autopoliciamento!
Hoje é o aniversário da irmã dele. Eu tive que insistir
muito, mostrar que já estou bem, que ele não precisava se preocupar, para que ele
pudesse ir à festinha dela. Agora estou sozinho, ouvindo música. Mais tarde,
com certeza, ele voltará. Sinceramente, eu quero que ele volte. Não posso
demonstrar, mas me sinto mais seguro com ele por perto.
O tempo ficou lindo hoje. Em mim, continua chovendo.