Fechado Pra Balanço
A verdade nem sempre (ou nunca?) é o caminho mais fácil. Com
certeza é o mais curto! Foi com esse pensamento que conversei ontem com o
Claudio. Qual verdade? Simples: 3 anos após o Zeca “ir embora” ainda não estou,
nem me sinto preparado, para um relacionamento além de amizade. Não, não estou
de luto. Não quero mais morrer, como há 2 anos. Nem vejo a minha vida como
totalmente sem sentidos e objetivos. Mas isso não quer dizer que eu esteja
pronto para me envolver afetivamente.
Sei que muitos de vocês devem achar que eu exagero nas
proporções do que eu vivi. Que eu posso estar fantasiando hoje sobre fatos com
cargas emocionais mais comuns, ou simples. Sinceramente, não é assim! Eu sou,
sempre fui, um cara muito racional e pragmático. Acreditem (mesmo que não seja
pressuposto ou necessário), não é nada fácil tentar recomeçar um caminho, um
novo caminho, depois de ter trilhado esse que tivemos.
Não sou ingênuo a ponto de acreditar que pro Claudio foi
fácil de entender. E, vejam, ele viveu a meu lado, todos os bons e maus
momentos da minha história com o Zeca. Mais ainda, a gente se conhece desde
muito antes dessa história começar. E mesmo ele só resolveu investir numa
tentativa de relacionamento comigo por acreditar que eu estava preparado. Será
que agora, depois de toda a nossa conversa, ele consegue me entender nesse
ponto? Não sei.
Semana que vem começa maio. Um mês muito difícil pra mim. Eu
acreditava que esse ano seria diferente. Pelo andar da carruagem (rs) parece
que não será! Tomara que eu esteja errado.
De tudo o que tivemos na vida (parte 4)
Acho que foi uns 15 dias após o nosso primeiro beijo.
Um ano trocando olhares, um ano de palavras que sempre
diziam mais do que era dito. Um ano estando perto, tão perto que as mãos se
tocavam, que os hálitos chegavam a se misturar. E, de repente, veio a urgência!
Nossos corpos pediam! Nossos corpos precisavam... era vital, era sufocantemente
vital! Estávamos sentados no sofá da sala. E nos abraçamos.
Poucas vezes, em todos os anos em que estivemos juntos,
falamos tão pouco. Só queríamos explorar nossas peles. A maciez, a textura, as
ondulações. Os cheiros. Era o domínio instintivo da paixão e do tesão. Dos
latejamentos, da circulação do sangue, dos gemidos, dos devoramentos! Sede.
Como nos livramos das roupas? Não sei...
Nossas mãos, nossas
portas, nossas chaves, nossos segredos, nossas devassidões... eu quero você pra
mim! Eu quero te proteger! Eu quero a sua felicidade, lamber a sua felicidade.
Eu quero o seu gosto, a sua língua, a sua saliva. O mundo, o universo, o
infinito... está tudo aqui. Dá pra sentir? Não precisa ter medo. Esquece tudo.
Esquece o tempo. Esquece quem fomos. Quem fomos? Quem somos?
Éramos o fogo. E eu o penetrei. Éramos nuvens, rompendo no
espaço. Espraiando-nos pelo chão, éramos a fulguração dos rompimentos. Ele me
penetrou. Verso e reverso de tudo. Desvario, sofreguidão, ativação completa da
vida, do pulso, dos arquejos. E de novo era eu me apossando. E ele, mais uma
vez. Quantas vezes? Não lembro...
E descobrimos ali, naquela noite, naquele espaço, naquele
tempo, que o amor morre. Morre no gozo que suspende a vida por uns instantes.
Morre nos gemidos dilacerantes que precedem o gozo. Morre quando, cessando a
respiração, uma paz absurdamente imensurável toma conta de tudo. Morre e se
dispersa na úmida viscosidade em que resultamos.
E nossos olhos, então, se penetraram mutuamente. E eu me via
nos olhos dele. E ele se via nos meus olhos. Sincronia inexplicável pela razão
e pelos sentidos, dissemos: eu te amo! Foi o que bastou para que o amor
renascido, muito mais forte, tão forte quanto a voz de Deus, se transmutasse em
sol que iluminaria nossas vidas para sempre.