Essa época do ano é tão complicada para mim. Nem é preciso
explicar, eu penso. Foram tantos natais de sonho, um mais lindo que o outro,
sempre um mais iluminado que o outro, novas luzes que surgiam, sempre
esplêndidas. Depois, veio o império da escuridão. Não gosto de pensar o terror
que senti em 2011. Ano passado, acho que fiquei anestesiado. Pouco lembro, fora
a saudade que continuava. Esse ano, pensei: vai ser diferente!
Que tal construir algo novo, inusitado (ao menos pra mim)?
Conhecer pessoas novas, ficar com mais gente, em um lugar diferente. Seria bom,
pensei. Isso já em outubro! Mania de planejar tudo com muita antecipação! (rs)
Foi então que o universo (o senhor, hein! não tinha outra hora pra brincar
comigo?!) resolveu me ensinar algo novo. O mais dramático é que ainda não
entendi as regras desse novo jogo? Será que não me é permitido recomeçar? A
sorte (ao menos pra mim) é que não acredito em certas bobagens. Dureza esse
negócio de aprender a jogar, com o jogo se desenrolando celeremente! Não gosto
muito disso! Ou talvez seja essa a lição? Aprender que podemos planejar muitas
coisas... menos a essencial: nossa vida orgânica, funcional, real,
objetivamente real e implacável! Pode ser. Lição dura essa!
Resumindo (e traduzindo, que não sou muito bom pra escrever post
enigmático... rs): estou fazendo um tratamento nos meus olhos. E como eu gosto
de ser sempre “o diferente”, é um para cada olho. O direito vem sendo submetido
a uma sucessão (interminável!) de laser. E que, até o presente momento, não sei
o que irá resultar. O esquerdo (mais lerdinho, como sempre) iniciou semana
passada, no melhor estilo “injeção intravítrea” (não queiram imaginar o que é
isso!). São dois tipos de tortura que ainda não entendi se foram inventadas por
algum médico nazista (furioso com a derrocada do 3º Reich!), ou se por
meticulosos agentes do Hezbollah, querendo vingança por todas as derrotas
impostas por Israel. Por favor! Só pra dar uma pálida ideia, acabei de chegar
do médico agora, que já marcou pra “me ver” na próxima quinta (aliás, nossos
encontros são às quintas... e só não rola um “ménage”, pois o Claudio tem
aflição! rs). E, na sexta, tenho outro encontro, com outro médico, que, se bobear,
passa a ser exclusivo do olho direito! Haja especialização!
Mas, chega de lamentação! Graças a Deus pude constatar que
tenho amigos muito queridos, que estão me dando todo suporte. E, como até já
mencionei aqui, um em especial, o Claudio, praticamente um coparticipante de
todas as minhas aventuras e desventuras. Tirando as tarefas culinárias (onde
ele é um zero absoluto!), em momento algum ele deixou de estar ao meu lado, no
sentido exato da palavra. Eu valorizo demais isso! Ontem à noite estávamos
conversando e ele me perguntou o que eu gostaria de ganhar no natal. Eu disse,
com a mais absoluta sinceridade, que o meu presente eu estou ganhando desde
outubro. Não existe nada mais precioso do que isso. Depois, comentando como eu “planejava”
(que vício, né!) passar o meu natal, com a geladeira bem abastecida de boas
comidas, bons vinhos (tudo comprado pronto! rs), sozinho, no meu canto, apenas
pensando em nada, eu perguntei o que ele gostaria de ganhar. E ele me disse: “a
única coisa que eu gostaria é estar, pode ser até bem quietinho, do seu lado,
apenas vendo o tempo passar...” Gente, pode isso?! Tem como?! Impossível, né!
Meu único receio é “baixar o meu astral”, em plena noite de
natal, e deixar o Claudio sem ação. Vou passar essa semana ouvindo todas as
músicas que lembrem a minha história, os meus natais ao lado do meu amor e, se
possível, chorar tudo o que tenho direito, até esgotar o meu estoque de
tristeza. Comecei hoje mesmo com “Guillemots”. Já perdi a conta das vezes em
que ouvi essa música. Um dos versos que me mata: “... É aqui que os nossos
corpos deixam de cantar, (como) maçãs caídas no chão, bicadas por pardais...”
Demais isso!
PS: Sei que estou em falta com todos vocês, sempre tão
carinhosos comigo. Até o natal vou passar em cada um dos seus blogs, pra dar o “ar
da minha graça”. Vocês são muito importantes pra mim!