domingo, 19 de janeiro de 2014

De Erros e Saudades

De vez em quando (ultimamente com uma frequência bem maior que o normal!) eu cometo erros que, sinceramente, não dignificam os meus 4.2 anos de vida! Eu posso ser muita coisa, mas não sou bobo, nem ingênuo. Ou seria melhor dizer que não sou quando o assunto não diz respeito à minha vida pessoal? Pode ser. Quando eu leio o que vocês comentam por aqui e mesmo quando ouço os meus amigos, eu entendo tão perfeitamente tudo! Mas, na hora do “jogo pra valer”, quando tenho que encarar a realidade e suas nuances, olha, é um verdadeiro horror! (rs)

A propósito de fechar o assunto “transa inesperada com o melhor amigo”... bem, eu enrolei, até quanto pude, o momento de encarar um “papo reto” com o Claudio. E, como também está se tornando usual, parece que a vida se encarrega de me por na devida encruzilhada, onde só se pode “ir ou rachar”. E isso só aconteceu na última sexta-feira. Foi assim: na quarta eu tive, novamente, a minha sessão-tortura com meu médico. Primeiro erro... quando o Claudio (que sempre me acompanha, desde que tudo começou) ligou querendo saber o horário da consulta, eu simplesmente disse que, como eu sentia que dava muito trabalho a ele, já havia combinado com outro amigo de ir comigo. Conseguem imaginar a reação dele? Então, ele apenas disse “OK” e desligou o telefone.

Eu mereço um prêmio! Mais de 10 dias após o ocorrido, ele liga “de boa”, querendo ser amigo e eu... dispenso! Sem comentários. Segundo erro: eu quis dar uma de “durão”! (rsrsrs) Eu devo ser de outro planeta mesmo! Na quinta, cegueta de um olho e com o outro enxergando mal e porcamente, eu, que já havia dispensado o outro amigo, resolvi me “virar” sozinho. Coisa de fortão, né! Resultado: logo no almoço, deixei cair o prato de comida, ao retirá-lo do micro-ondas e foi aquele espetáculo medonho na cozinha! Quase 1 hora pra limpar tudo. Depois, quando fui comer (outro!) lanche frio, ao pegar a jarra (de vidro!) com suco de laranja, que eu havia deixado na geladeira... preciso dizer o que aconteceu? Deve haver alguma lei da física que consiga explicar a imensa quantidade de cacos que se forma nesse tipo de situação com uma pessoa sem a menor habilidade (e paciência) para lidar com isso!

Adivinhem o que fiz? Pois é... liguei (já um pouco desesperado) para o... Claudio! E, sabem o que ele fez? Como é muito mais adulto que eu... veio e arrumou tudo! Marcamos uma conversa para sexta-feira, mesmo porque ele tinha que voltar pro trabalho. Foi só depois que ele terminou de limpar a minha lambança que eu comecei a perceber a total criancice contida em todas as minhas atitudes nos últimos dias. Será que eu, um dia, aprendo a ser um pouquinho mais adulto com tudo?

Sexta-feira, de noite. Eu já conseguindo ao menos enxergar as coisas (fisicamente falando, é óbvio), depois de “ensaiar” (isso é tão infantil, né?) o que iria falar, quando ele chegou... não sabia como começar! (rs... eu mereço!) Só sei que, em algum momento, eu comecei a pedir desculpas pra ele pelo que ocorreu (desculpas por uma transa... tsc, tsc, tsc) e foi quando ele me veio com essa: “Eu desculpo tudo, menos uma coisa... você não ter KY à mão!” A risada foi inevitável, né? E, nessa, entramos no “modo comédia” de ser, e tudo se tornou leve. Sério, deve ter baixado algum espírito zombeteiro (rs) nele, que tornou tudo de uma simplicidade impressionante. Aliás, ele me falou coisas que (corado agora!) não posso repetir aqui. Tenho, decididamente, muita sorte na vida. Ele conseguiu recuperar a nossa amizade a partir da ironização da nossa... intimidade. Tá de parabéns!

Nosso “papo” durou horas... e voltamos a ser quem éramos. Pelo menos eu penso assim. O único assunto mais sério, digamos assim, foi quando, lá pelas “tantas”, começamos a falar sobre saudade e o quanto ele acha que isso é uma coisa que faz parte do meu modo de seguir com a minha vida. Como não podia deixar de ser, acho que ele tem razão. Embora de uma maneira diferente do que era há algum tempo, a presença do Zeca ainda é muito forte em mim. Isso talvez explique muitas coisas. Ele disse que, enquanto eu não conseguir me livrar do peso que carrego das tristezas por que passei, eu não conseguirei ter comigo somente as boas lembranças da vida que tivemos. Não sei se concordo muito com isso.       

Eu costumo classificar a alegria e a tristeza, de acordo com seu tamanho. Sei que parece maluquice, já me disseram isso. (rs) De acordo com essa “teoria”, eu vejo a vida como uma composição de poucas grandes alegrias e tristezas e muitas pequenas. Conseguem entender? Uma grande alegria pra mim foi o dia em que ele veio morar comigo, por exemplo. A maior tristeza... nem preciso dizer qual foi. Com o passar do tempo (ainda de acordo com minha tresloucada teoria) as grandes alegrias acabam por anular as grandes tristezas e, da história, restam as lembranças. E, das pequenas tristezas, nada resta, nem lembranças, dada a quase sempre insignificância delas. E, o que acontece com as pequenas alegrias?

Dessas pequenas alegrias que não existem mais, é que surge a saudade. Saudade das alegrias que se tornaram rotinas, como, por exemplo, fazer compras juntos, jantar ouvindo música, dormir bem juntinho em noites frias, dizer bobagens e rir, beber demais e rir, ficar bravo e rir, depois, das bobagens que provocaram a braveza... coisas assim. São essas coisas que, de fato, constroem um grande e verdadeiro amor e que, de repente, desaparecem da nossa frente, deixando em seu lugar essa saudade que não podemos controlar. Ou podemos? Será que estou cometendo outro erro de percepção?


6 comentários:

  1. Esse texto precisa ser dividido em dois.
    1) Cláudio: deu vontade de puxar sua orelha qndo li a lambança que vc fez. Vc poderia ter se machucado, Adriano. Olha a merda que poderia dar, meu querido. E pra quê? Ele é seu amigo, pelo amor de Deus, o sexo foi um sexo entre amigos e ele funciona exatamente assim. São pessoas que tem intimidade inclusive para reclamar. Outra coisa: vc precisa parar de acreditar que é durão, tá? Vc é humano, como todos nós, precisa e sempre precisará de ajuda.
    2) Sua teoria: o Cláudio está absolutamente certo sobre o peso do Zeca na sua vida. Ele é ainda esmagador e impede que vc viva coisas novas. Sua teoria inclusive não vai de encontro com isso. As pequenas alegrias, a saudade, e a grande tristeza, ainda tem um peso muito grande para vc e, por isso, vc não pensa em conhecer uma outra pessoa, viver uma nova história de amor. Obviamente, vc não precisa fazer isso agora, cada um tem seu tempo de luto, e vc ainda está de luto, quando este momento se encerrar a presença do Zeca passará a ser mais leve, sua melhor lembrança e ela somente te impulsionará para ir adiante.

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  2. Parabéns ao Claudio e que bom que ficou tudo bem! Amizades como essa, meu chapa, a gente tem que preservar a todo custo!

    Sobre a saudade, realmente não sei. Resta trabalhar pra que ela não nos paralise pra sempre, acho eu.

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  3. Olá.
    Como sempre, um ótimo texto para se ler...e comentar...
    Olha, concordo com o Claudio, principalmente sobre as suas alegrias/tristezas.
    Sim, também acho que a vida é composta de alegrias e tristezas, além de uma infinidade de outras coisas, e todas elas, juntas e misturadas, sem uma ordem coerente, formam a nossa vida, nosso caráter, nossas memórias e por assim dizer, nosso destino.
    Lembra do meu texto sobre "deixar partir"??? Pois é bem por ai. Acho que existe sim um momento, e só você saberá qual, em que devemos abrir mão de alguma coisa, no teu caso, do Zeca. Ele ainda é presente em tua vida, bem presente, e você quer que ele seja presente. Eu sei, já passei por isso, sei bem como é....mas vai chegar uma hora, como chegou comigo, que você simplesmente vai abrir a mão, e deixá-lo ir.
    Isso não tem data para acontecer, não tem motivo, não tem explicação, você simplesmente sentirá que é hora de fazer...e fará.

    Sentir saudade, pequenas saudades de tudo que vocês tiveram, passará assim a fazer parte desse processo de "desapego". Você se lembrará de qualquer pequena coisa que fizeram e que foi feliz, se lembrará de quanto foi importante para ele e vice-versa, e desse modo, alimentará uma alegria enorme dentro de ti, que de um modo inexplicável, te impulsionará para que continue vivendo, cada vez mais intensamente do que antes.
    Não se desespere, as coisas acontecem no teu tempo, e cada um terá o teu...diz o ditado que o tempo cura tudo....concordo, desde que queiramos ser curados...por isso meu caro, esteja aberto, não se feche, não queira carregar sempre o universo em suas costas, por maiores que elas sejam, o universo sempre acha um jeito de ser maior.
    Seja forte, mas não seja tolo. Mesmo os mais fortes, sabem pedir ajuda e aceitá-la, e é justamente por isso que continuam fortes.

    Se cuida meu querido.
    Um grande abraço.

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  4. Amigo é tudo na vida de uma pessoa, né???
    Amigo assim, de verdade.. Pq sinceramente vc n tava merecendo, eu no lugar dele aparecia na sua casa no dia seguinte fazendo escândalo, dizendo que vc não podia me tratar como alguém que conheceu na rua, fudeu e resolve não ligar no dia seguinte, ia te dizer coisas horrorosas, os piores xingamentos do dicionário.... Mas pq isso??? Pq eu sou um amigo com a maturidade de 13 anos de idade pra lidar com essas coisas!!!

    Mas ernfim, né??? Sei lá que elogios foram esses proferidos, só sei que devem ter sido preponderantes para todo essa generosidade... rsss... Mentira... 20 anos seguram muita coisa, a gente bem sabe disso!!!

    Que bom que a vida tah sendo terapêutica, né Dri??? Fico contente que quando vc arregue mamãe vida te bote nos trilhos... Muito, muito!!!

    O Final do seu texto me remeteu muito a úma das poucas músicas do Roberto Carlos que de fato gosto muito.. Detalhes,... Todo mundo que já teve um grande amor na vida e perdeu se prestar atenção em detalhes vai sofrer, pq são eles que fazem a diferença... Claro que os grandes momentos são bacanas e fazem falta, mas as faltas dos detalhes são dilacerantes....

    "Eu sei que esses detalhes
    Vão sumir na longa estrada
    Do tempo que transforma
    Todo amor em quase nada
    Mas "quase"
    Também é mais um detalhe
    Um grande amor
    Não vai morrer assim
    Por isso
    De vez em quando você vai
    Vai lembrar de mim"

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  5. Sinceramente! Jogue toda esta tristeza no lixo ... tenha a saudade como companheira e ela vai te mostrar q a vida continua para vc, q outras oportunidades surgirão e q vc tem um grande amigo q gosta de vc e q pode ser muito mais q isto ...

    ... voltei das férias e amanhã posto ...

    beijão ... saudades ...

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  6. Desde que li o começo da história com Cláudio, até este desfecho, fiquei pensando numa frase que conheci essa frase de Bernard Shaw, citada pelo diretor do filme "Do começo ao fim":
    "Algumas pessoas vêem as coisas como são e perguntam:
    'Por quê?'

    Sonho com coisas que nunca existiram e pergunto:
    'Por que não?'"

    (Bernard Shaw)

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