Dois pensamentos, na verdade divagações, que tomaram conta
de mim esses dias. O primeiro: cheguei à conclusão que tenho medo de algumas
coisas. E, por paradoxal que seja, não se trata de algum medo ligado à morte.
Não tenho medo de morrer. Talvez eu tenha medo de viver...
Um amigo me disse que eu tenho medo que o passado (e toda a maravilhosa
experiência que vivi junto ao Zeca) não possa ser revivido, em qualquer nova
experiência futura. Seria essa certeza a fonte do meu medo de, ao menos,
procurar, ou tentar. Acho que ele tem razão. Não totalmente, pois sei que cada
vivência é única e não faria sentido eu procurar um “algo novo” que fosse como
uma cópia, ou reedição da vivência que se foi.
Sei que estou passando por alguns momentos particularmente
incertos. Toda essa “novela” relativa ao problema nos meus olhos tem me
consumido mais do que o aceitável. Esse pode ser um dos fatores que agudizam a
sensação de medo que persiste. Porém, sejam quais forem as explicações, não sei
como lidar com esse medo. Esse amigo me disse: simples, basta “se jogar”... ou,
como outros também já disseram, “se permitir”. É tão simples de se falar ou
ouvir! O problema, no entanto, é: como agir?
O outro pensamento girou em torno do tema “memórias”. O
quanto do conteúdo das memórias que trago em mim, de certa forma, não permite
que eu avance. Mais dúvidas! Grande parte das boas memórias que tenho, eu as
sinto “fora de mim”. Quantas vezes o ar carregado de chuva, o cheiro de um
perfume, a cor de uma determinada camisa, uma música... quantos detalhes do
cotidiano tem esse poder incrível de me remeter de volta ao passado! Tudo
parece como um “estoque armazenado de passado” e, mesmo que eu não esteja
pensando, mesmo que esgotado até fisicamente pelas correrias do dia, basta um
halo perceptivo desse gênero e... pronto, tudo retorna com uma força imensa!
Será possível lutar contra isso?
Não sei onde li - deve ter sido em alguma dessas mensagens
que recebemos por email (e que, a maioria, eu detesto... rs) - dizia mais ou
menos assim: Quando agimos para compreender as raízes do medo, desde o seu veio
central até o seu último filamento, é como se esse medo fosse reeditado. A
partir daí podemos acrescentar novas experiências às janelas da memória e, onde
antes havia medo, brotará a coragem de seguir. Muito lindo! Faltou anexar o
manual de procedimentos! (rs)
“We found a place to which we drive
And I offer you the time
To sleep, to dream
To wake up when we arrive”