quarta-feira, 17 de julho de 2013

De tudo o que tivemos na vida (parte 2): a tal família

Atendendo a pedidos (rs). Na parte 1 eu contei sobre nossa primeira viagem, aquela, pra Disney. Pode parecer, à primeira vista, que tudo foi fácil com a família dele, tanto é que o Gato até sugeriu que eu deveria procurar, hoje em dia, alguém pra dividir o meu peso. Tá certo... então vou tentar (e que a minha razão me ajude!) contar um pouco como era o meu relacionamento com a família do meu amor.

Primeiro, vamos nos situar: se ainda não ficou evidente, tínhamos uma diferença de idade, não tanto cronológica (nem 5 anos), mas de experiência de vida mesmo. Eu era independente desde os meus 18 anos e ele, quando o conheci (tinha 23) ainda dependente dos pais. E mesmo na aparência, no modo de vida, profissionalmente... não custa lembrar, eu fui o “chefe” dele na época do seu estágio. Mas, tem o “senão” maior: ele era negro. Eu, como já devem ter notado, um branquelo. (rsrs). Pra mim isso sempre foi o caminhão de cerejas do nosso maravilhoso bolo! Para a família dele...

A primeira vez que vi seus pais foi numa festa na empresa. Ele ainda era estagiário e me apresentou como seu “chefe” (odeio essa palavra!). E essa, a meu ver, foi a impressão que deve ter ficado sempre fixada para os pais dele. Um homem, aparentemente maduro (sempre pareci ter mais idade do que tinha) e ele, ao contrário, sempre aparentando menos. Mais do tipo frágil, delicado, conseguem entender? O primeiro contato foi bem formal, nem poderia ser diferente, pois não tínhamos ainda qualquer envolvimento além do profissional.

Depois veio a efetivação dele e o nosso relacionamento começou. Lembram disso? (Após um ano de paquera não declarada? rs). Ainda vou escrever um post da nossa “primeira vez”, aí sim quero ver se não vai ter chororô por aqui  (rsrsrs). Quando já estávamos juntos há quase 1 ano e iríamos viajar pela primeira vez, achei por bem que eu deveria conversar um pouco mais francamente com os pais dele. Que ilusão a minha! Foi só então que entendi porque sempre que eu falava pra ele sobre o assunto “família” ele fugia mais que o capeta da cruz!

Família bem simples. O pai era de pouquíssima conversa. Sério, carrancudo. A mãe, até que era mais acessível, mas religiosa ao extremo, católica, imagens de santos pela sala. Uma irmã mais velha, “tipo solteirona” (e que não casou mesmo, até onde eu sei), mas que foi a única que me deu algum apoio na “reta final” da nossa história. E um irmão menor, com toda a pinta de “não quero nada com a vida”, entendem? Nunca troquei mais que meia dúzia de palavras! Ou seja, ele era a pérola naquele mar de mesmices! E eu? Olha, só faltou o pai dele me dizer com todas as letras (isso muito tempo depois) que eu fui o responsável por ele ter “virado” gay! A onda era bem essa... mas, calma, coloquei o carro na frente dos bois. Voltando ao primeiro encontro formal na casa dos pais dele...

Peraí... antes preciso abrir um parênteses: um ano que, praticamente todos os fins de semana, ele ia para o meu apartamento na sexta à noite e voltava pra casa no domingo e, como tenho certeza, falando para os pais. Tanto é que muitas vezes a mãe dele ligava no meu telefone. Marcamos a viagem mais de 3 meses antes de sairmos de férias, e os pais sabiam. Pergunta: eles, os pais dele, pensavam o que? Que levávamos serviço pra casa, jogávamos xadrez, sei lá! (rsrs). Só pode, porque não dá pra entender a “surpresa” e o incômodo que foi quando falamos que iríamos viajar.

A mãe numa aflição que dava pena... o pai com cara de poucos amigos, falando o básico, subliminarmente não aprovando a tal viagem. Um belo clima para uma primeira reunião “em família”, não acham? Ah, e isso foi só o começo! Depois eu conto como foi quando resolvemos morar juntos, ou ainda como foi todo o lento processo da doença dele, a morte, o velório... melhor parar por aqui! Vou precisar de muito fôlego para remexer nessas questões.

15 comentários:

  1. mas você nem terminou a história... pode voltar e completar: como foi essa reunião? detalhes!!!

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  2. ps: sei que só pedidos do Gato são atendidos por aqui, então vou pedir a ele para ele pedir a vc para dar mais detalhes.

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    1. huahauahauahauahauahauahau.. Esse é oc ara que AMA me ver cm ciúmes... Amigo, te compreendi agora, é engraçado mesmo!!!

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  3. Olha, prefiro opinar mais no fim de tudo, mas por hora a gente já aborta a missão do "dividir a dor".. Afinal, vai que vira um "aumentar a dor"??

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  4. Gente! O que é que vocês pensam? Eu não sou escritor, tá! (rsrsrs) Sempre escrevo de uma tacada só, embaralhando os assuntos, até cansar os meus pobres dedinhos. Que sofrimento! E tem outra: o tchan das novelas não é sempre acabar no melhor do capítulo? Então... (rsrsrs)

    Depois eu escrevo mais detalhes. Que coisa!

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  5. Adriano com certeza tem uma história de vida incrível para contar. Acho que tanto eu, quanto o Gato e o Foxx, ou qualquer leitor do seu blog, adoraríamos virar noites e noites ouvindo suas lembranças e também te confortando. Se dói em algum momento acho melhor você parar. A gente espera até o próximo capítulo.
    Grande abraço!

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    1. Sabe, meu amigo, acho que não dói mais tanto não! Eu tenho plena consciência que só fiz bem ao meu amor, em especial por ter tirado ele daquela casa. E ele me disse isso, com essas palavras, um zilhão de vezes. Qualquer dia desses eu conto um pouco mais.

      Abração.

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  6. Comentando pela primeira vez aqui, só posso dizer que após ler sobre a trajetória do seu amor, me veio à cabeça imediatamente um vídeo que assisti recentemente no blog "Muque de Peão", sobre um casal americano, em que um deles está com esclerose e o outro, no intuito de realizar o sonho de ambos de se casarem, resolve fazer uma campanha para que possam se casar em outro estado. Fiquei admirado diante da força que um amor pode exercer na vida de uma pessoa. Não consigo imaginar como deve ser a dor de se ver o ser amado definhando, mas creio que só os que tem a força de se entregar a um amor podem ter a força para superar a sua perda.

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    1. Poxa, que bacana que você gostou! Seja bem vindo! Não sei se tenho tanta coisa interessante pra escrever, mas sempre é um prazer conhecer novas pessoas.

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  7. Gostei de saber um pouco sobre você!
    Concordo como o Paulo, mas tirando o só: "... os que tem a força de se entregar a um amor podem ter a força para superar a sua perda."
    Se te faz bem escrever, contar, faça-o! Ajuda a pensar, elaborar, superar.
    E seu texto é ótimo! Os que escrevemos de uma tacada podem ser os melhores, mais autênticos.
    Abração

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    1. Sabe, Alex, eu sempre sou assim, até no trabalho. Eu disparo a escrever e só paro quando canso. Depois só aquela revisão (que nem sei fazer direito!) nas concordâncias, ortografia. Tá me fazendo muito bem escrever. Você nem imagina quanto! Acredito que quem me acompanha desde o começo (que nem faz tanto tempo assim) deve notar a diferença no meu modo de escrever.

      Abração

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  8. Se te faz bem, escreva, escreva!
    A mim, a nós, faz bem ler o que você escreve!
    Tudo muito bom por aqui!
    Parabéns! Abração!

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