domingo, 27 de abril de 2014

Dois em Um



Fechado Pra Balanço

A verdade nem sempre (ou nunca?) é o caminho mais fácil. Com certeza é o mais curto! Foi com esse pensamento que conversei ontem com o Claudio. Qual verdade? Simples: 3 anos após o Zeca “ir embora” ainda não estou, nem me sinto preparado, para um relacionamento além de amizade. Não, não estou de luto. Não quero mais morrer, como há 2 anos. Nem vejo a minha vida como totalmente sem sentidos e objetivos. Mas isso não quer dizer que eu esteja pronto para me envolver afetivamente.

Sei que muitos de vocês devem achar que eu exagero nas proporções do que eu vivi. Que eu posso estar fantasiando hoje sobre fatos com cargas emocionais mais comuns, ou simples. Sinceramente, não é assim! Eu sou, sempre fui, um cara muito racional e pragmático. Acreditem (mesmo que não seja pressuposto ou necessário), não é nada fácil tentar recomeçar um caminho, um novo caminho, depois de ter trilhado esse que tivemos.

Não sou ingênuo a ponto de acreditar que pro Claudio foi fácil de entender. E, vejam, ele viveu a meu lado, todos os bons e maus momentos da minha história com o Zeca. Mais ainda, a gente se conhece desde muito antes dessa história começar. E mesmo ele só resolveu investir numa tentativa de relacionamento comigo por acreditar que eu estava preparado. Será que agora, depois de toda a nossa conversa, ele consegue me entender nesse ponto? Não sei.

Semana que vem começa maio. Um mês muito difícil pra mim. Eu acreditava que esse ano seria diferente. Pelo andar da carruagem (rs) parece que não será! Tomara que eu esteja errado.



De tudo o que tivemos na vida (parte 4)

Acho que foi uns 15 dias após o nosso primeiro beijo.

Um ano trocando olhares, um ano de palavras que sempre diziam mais do que era dito. Um ano estando perto, tão perto que as mãos se tocavam, que os hálitos chegavam a se misturar. E, de repente, veio a urgência! Nossos corpos pediam! Nossos corpos precisavam... era vital, era sufocantemente vital! Estávamos sentados no sofá da sala. E nos abraçamos.

Poucas vezes, em todos os anos em que estivemos juntos, falamos tão pouco. Só queríamos explorar nossas peles. A maciez, a textura, as ondulações. Os cheiros. Era o domínio instintivo da paixão e do tesão. Dos latejamentos, da circulação do sangue, dos gemidos, dos devoramentos! Sede. Como nos livramos das roupas? Não sei...

Nossas  mãos, nossas portas, nossas chaves, nossos segredos, nossas devassidões... eu quero você pra mim! Eu quero te proteger! Eu quero a sua felicidade, lamber a sua felicidade. Eu quero o seu gosto, a sua língua, a sua saliva. O mundo, o universo, o infinito... está tudo aqui. Dá pra sentir? Não precisa ter medo. Esquece tudo. Esquece o tempo. Esquece quem fomos. Quem fomos? Quem somos?

Éramos o fogo. E eu o penetrei. Éramos nuvens, rompendo no espaço. Espraiando-nos pelo chão, éramos a fulguração dos rompimentos. Ele me penetrou. Verso e reverso de tudo. Desvario, sofreguidão, ativação completa da vida, do pulso, dos arquejos. E de novo era eu me apossando. E ele, mais uma vez. Quantas vezes? Não lembro...

E descobrimos ali, naquela noite, naquele espaço, naquele tempo, que o amor morre. Morre no gozo que suspende a vida por uns instantes. Morre nos gemidos dilacerantes que precedem o gozo. Morre quando, cessando a respiração, uma paz absurdamente imensurável toma conta de tudo. Morre e se dispersa na úmida viscosidade em que resultamos.

E nossos olhos, então, se penetraram mutuamente. E eu me via nos olhos dele. E ele se via nos meus olhos. Sincronia inexplicável pela razão e pelos sentidos, dissemos: eu te amo! Foi o que bastou para que o amor renascido, muito mais forte, tão forte quanto a voz de Deus, se transmutasse em sol que iluminaria nossas vidas para sempre.


11 comentários:

  1. Cada situação é única, e somente você saberá o momento exato para tentar algo.
    Se este momento você não está preparado, não sinta-se pressionado, você sabe o que é melhor pra si, portanto caso isto esteja te consumindo e lhe fazendo mal, aí está na hora de rever conceitos e buscar mudar a situação.
    Abraços!

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  2. "Se você não gosta dele diga logo a verdade, sem perder a cabeça... sem perder a amizade!"

    Mais vale um grande amigo na mão que um meio namorado na cama, já dizia o ditado! Que bom que esclareceu com ele. :-)

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  3. penso q te entendo, mas acho tb q devemos dar uma força à vida para q ela se renove ... não sei ... mas ficar postergando algo q um dia teremos q fazer não sei se é o caminho certo ... o TEMPO é a única coisa q na vida é implacável ... não se recupera nunca ... mas enfim ... só me cabe te desejar força e sabedoria para conduzir sua vida ...

    beijão querido e volte logo

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  4. Ah! O tempo sempre ele... eu não sei, nessas horas eu só consigo me lembrar da minha abuela dizendo que "tudo com tempo tem tempo...", ainda que ele seja implacável como o Bratz menciona, eu acho que esse tempo é pessoal (e intransferível)... Ainda que ele não volte, de nada adianta tentar aproveitá-lo se não estamos prontos... é como a fruta amadurecida antes do tempo, perde o sabor.

    De qualquer forma, pelo o que leio aqui... penso que você tem "crescido" a cada dia... e isso é importante... nunca se sabe quando esse "novo tempo" chega, não?!

    Não há como se emocionar com seu texto... são momentos como esse que dão sentido a tudo mais na vida, que respondem a muitas perguntas que por vezes nos fazemos... e por mais clichê que alguns possam achar, nos mostra porque é que vale a pena lutar.

    Não há o que dizer... lindo mesmo!

    Um grande abraço!

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  5. Em tempo, obrigado pelo elogio... e assim... uma das coisas que eu mais gosto é escrever a mão, pena que façamos isso cada vez menos nos últimos tempos... adoro canetas, gosto de ver a tinta sendo absorvida pelo papel... da surpresa da próxima letra.

    Mais irônico é depois de todo esse discurso eu viver no mundo dos 0 e do 1.

    Coisas da vida! Mas não passa vontade não... escreva!

    Abração!.

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  6. Seu texto é tão lindo que vou esperar pra comentar...

    Seja e faça o que você acha melhor.

    Mas lembre-se que o amor estará sempre presente, mas ele não,impede que venha a se manifestar também por outra pessoa. O mesmo amor, com roupagem distinta, mas que ao se desnudar se mostrará idêntico.

    Acredite que é possível.

    E ninguém estará contra. Nem mesmo os ausentes de corpo, mas eternamente presentes com a alma, ma sua alma.

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  7. sou confusa para falar de amor e corações, quando amo passo tempos e tempos fantasiando algo impossível. você não faz ideia como seus primeiros parágrafos algumas vezes se encaixam comigo. falar de amor dói, ôh como dói.

    dentrodabolh.blogspot.com

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  8. Belo texto meu querido...ou melhor, textos....

    Não sinta-se pressionado...o tempo resolve/cura tudo...como todos acima disseram...e eu concordo...o bom das pessoas é que no fundo, elas sabem o que é melhor para cada uma delas, e podem escolher....quando vc sentir que chegou a hora, amanhã, depois ou em um futuro próximo, você saberá, você sentirá, e dai sim, estará pronto....até lá, viva a vida em toda a sua plenitude sem se prender a resolver questões...simplesmente viva...pois um dia ela acabará....infelizmente.

    Bjs meu caro.....obrigado pelas visitas.
    Até mais.

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  9. São dois textos então dois comentários:
    Você de fato não está preparado, isso é visível e notório. Não ache que a gente não enxerga que o seu processo de luto (sim, ainda é luto), ainda não se completou. Porém e tem um imenso porém aqui: você não vai acordar preparado do dia para a noite, Adriano, você só vai construir isso se envolver-se com pessoas e ir, passo a passo, se preparando. É como aprender a nadar (essa é a melhor metáfora), vc atualmente está fora da piscina, vestindo terno e gravata pensando que magicamente vai aprender a nadar. Você precisa trocar de roupa (isto é, desejar seguir em frente) e entrar na piscina, cada braçada vai te fazer chegar mais próximo de se tornar um nadador. Me entende?

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  10. Seu texto é lindo!
    A forma que você fala de amor é tão bonita pq é visivelmente material, digamos assim. É lindo, dá pra sentir. Eu, felizmente, já fiz sexo com pessoas que eu amava e pude sentir parte das sensações que você descreve, menos me ver nos olhos do outro. É, definitivamente, o que faltava. É por isso, principalmente, que gosto de ler você, eu aprendo como é um amor maduro, como funciona a vida de duas pessoas que realmente estavam lá uma para a outra. Você me ensina muito, por isso obrigado.

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  11. Ah tio, sabe quando você vai estar preparado pra viver algo novo? ...nunca! Sabe por quê?
    Porque vai ser algo que você nunca viveu antes, algo novo. Parece argumento de criança mas é tão lógico
    que cega a gente que já é adulto.
    Você estava preparado pra viver tudo o que você viveu com o Zeca? Mesmo assim você viveu, e passou por isso, e ainda está passando. Isso nunca vai ter conclusão, vai permanecer com você pelo resto da sua vida. Seu amigo Cláudio, pelo que eu posso perceber, é um cara incrível. Eu nem imagino como deve estar sendo difícil para ele também. É como se ele tivesse que disputar você com as lembranças do Zeca.
    Não dá mais pra viver a sensação do primeiro beijo com o Cláudio; nem mesmo a cena da primeira vez no sofá da sua casa. Mas dá pra viver muitas outras coisas que você não viveu com o Zeca. O que você pode viver é algo novo, a gente nunca sabe o que e como vai acontecer, por isso você vai estar sempre "verde" nesse aspecto, e o mesmo vale para o Cláudio. Não se cobre tanto, não há nada de errado em continuar vivendo.

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