quinta-feira, 1 de agosto de 2013

E ainda tem amanhã

Nossa, que semana! Parece que não termina! Esgotado mentalmente, precisando de umas 10 horas de sono! (rsrs) Tadinho de mim, ainda falta amanhã! Semana em que estou tendo que botar o “racional” pra funcionar no trabalho, mesmo sabendo que é quase impossível não deixar o emocional interferir nas decisões. Vou tentar contar, bem resumidinho, pra não cansar a paciência de vocês.

Era bem previsível, segundo semestre, planejamento em ação e surge a velha questão dos ganhos de produtividade, corte de despesas, adequações, etc. E sou eu, justamente, o “controlador” dessas questões na empresa. Mais de 2 meses de projeções, análises (um inferno!) e vamos para o “task” necessário: 20%. Aprovado pela diretoria (que, como é óbvio, queria “salgar” um pouco mais, quem sabe 30%... uma luta pra evitar isso!) e como a pimenta não é prerrogativa apenas dos outros, eu tive que experimentar o seu gosto.

Existem vários métodos, nem vou discorrer aqui, não vale a pena. Pra simplificar: se optamos por cortar salários maiores (o que implica em funcionários mais velhos), menos “cabeças têm que rolar”. Se formos na “base”, mais pessoas... bem simples isso. O problema sobra pra quem fica: como continuar desempenhando, com a mesma eficiência, os mesmos trabalhos, com menos pessoas? Nessas horas eu penso que só o racional deve funcionar. Sei que parece duro, desumano, mas não tem jeito melhor.

A empresa em que trabalho é muito boa em termos de plano de carreira. E isso é um bom diferencial, temos que admitir. Sempre se tenta valorizar a meritocracia, sem os excessos de uma concorrência exacerbada entre as pessoas. Todo ano nós, gerentes, fazemos um processo de avaliação de cada funcionário, que é discutido individualmente, analisado, até que se chegue a um consenso. Acho que isso funciona como um bom sinalizador! E, mesmo assim, parece que algumas pessoas não enxergam. Eu, por minha conta, faço uma análise intermediária, no fim do 1º semestre, como forma de sinalizar mais contundentemente como o trabalho de cada um está sendo visto, avaliado. Enfim, eu prezo por demais a transparência na relação “chefe/subordinado” (já falei que detesto a palavra chefe?), o “jogo limpo”.

Existe um fato, que é cruel, reconheço: um analista cuja idade começa a passar dos 40 anos e ainda continua analista, nesse “mercado corporativo”, esse fato já denota algum problema. Nessa faixa de idade, se a empresa sabe valorizar os méritos, era pra essa pessoa já ter se tornado no mínimo supervisor. Pelo menos comigo funciona assim. Eu já indiquei muitos funcionários meus, que começaram comigo como estagiários, e hoje já são até chefes de departamento. Além do que eu sempre gostei de trabalhar com estagiários... são jovens que em geral tem ainda a “vontade” de progredir, a garra pra aprender e muito a nos ensinar, bastando que queiramos ouvir.

Conclusão: resolvi dispensar 2 dos meus analistas mais antigos e admitir um dos estagiários. Foi a minha razão que falou mais alto. Vocês nem podem imaginar o quanto é difícil fazer isso! Essas 2 pessoas trabalham comigo há mais de 5 anos. No começo (vieram transferidos de outro departamento, promovidos) eles demonstravam que podiam progredir ainda mais comigo. São 2 pessoas muito legais, cumpridores de suas tarefas, honestos. Porém (esses poréns é que matam!) são do tipo “reativos”, nunca procuraram apresentar algo novo, mesmo que esse novo não tivesse tanta relevância. Eu gosto demais de gente “proativa”! Pessoas que não tem medo de mudar, de tentar enxergar os problemas por outro ângulo, gente que propõe novas soluções, mesmo que essas soluções não deem certo.

O que pesa (e isso é que desgasta o meu emocional) é que os 2 são casados, tem família que depende deles... é um verdadeiro martírio isso! A outra solução que eu poderia optar implicaria na dispensa de 4 funcionários mais novos, fora que não daria pra eu efetivar o estagiário. Racionalmente... não tem como! Enfim, se fiz errado, que o universo me perdoe! Eu fiz e assumo que fiz assim apenas pensando friamente em como será o futuro de quem continua comigo nessa caminhada.

Que post chato, né?! Que assunto do cacete! Mas é isso que, hoje, eu tenho pra contar. Amanhã... bem, amanhã será o desfecho de tudo!  



10 comentários:

  1. Adriano acho que em seu lugar teria feito o mesmo. Também tenho essa opinião de que não é um bom sinalizador uma pessoa que passa décadas trabalhando em uma empresa no mesmo cargo.
    E gostei muito de saber que você sabe aproveitar e dar oportunidades aos profissionais no início de carreira.
    Sofri muito justamente com essa ausência de oportunidade por partes das empresas. No meu estado, e acredito que em tantos outros, a realidade é que as empresas não querem investir nos recém formados elas preferem continuar ou mesmo contratar pessoas que já tenham a experiência mesmo com rendimentos duvidosos.
    Na empresa que estagiei pude ver vários profissionais com 5, 10, 20 anos de experiência e que eram bem menos "desenvolvidos" que os estagiários. No entanto, no término do estágio não houve nenhuma contratação de estagiários.
    Tenho certeza que a empresa perdeu excelentes profissionais simplesmente por não acreditar.
    Fico feliz em saber que você não compartilha da mesma opinião que eles.
    PS; poxa se fosse a um atrás eu iria pedir uma vaga de estágio em sua empresa... pena que já me formei...
    abraços e bom final de semana!

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    1. Oi, meu querido. Uma verdade, que eu já comprovei várias vezes: em geral um bom estagiário vale mais que um funcionário com experiência, mas acomodado. É muito bom sentir a pessoa interessada em aprender, sem muitos “vícios” que os funcionários mais antigos já adquiriram. Pode ser que não seja regra, mas comigo sempre aconteceu: as pessoas que mais progrediram trabalhando comigo foram justamente os que começaram como estagiários. Aqueles que já foram admitidos como analistas, mais da metade, com o tempo, perdem a gana de progredir.

      Curiosidade, se não quiser não precisa responder: que curso você fez?

      Abração

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    2. Lembra quando impliquei com você em um post que você reclamava em ter que viajar com o pessoal da engenharia e com um tal supervisor (acho q foi isso)?
      Pois é sou formado em engenharia elétrica, acho que você não deve gostar muito da minha classe, admito que a gente dá um pouco de trabalho pro pessoal das finanças mas vocês cortam muito nosso barato hehehe!

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    3. Oh mania de falar que eu não gosto de engenheiro... que coisa! (rsrsrs) Ah, só pra avisar, já tive um “causo” com um engenheiro, tá! Era por demais de bom! (rsrsrs) Que você era engenheiro eu sabia, só não qual a área. Agora sei. Poxa, até que daria pra te arranjar um estágio bacana mesmo. E eu nem cobraria em favores sexuais! Viu como eu sou profissional?! (rsrsrs)

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    4. hehehe! Sério que você já pegou um engenheiro? Rpz, você tem que contar mais sobre essas coisas aqui no blog... Já que eu não faço sexo eu tenho pelo menos que ler sobre, não é?
      Eu devo confessar que tenho medo dessa coisa de se relacionar com pessoas do trabalho. Muito complicado pro meu gosto!

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  2. Ai, eu não queria estar no seu lugar de jeito nenhum, amigo
    de jeito nenhum! eu ficaria com muito peso na consciência de demitir estas pessoas.

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  3. Não achei o post chato, nem assunto cacete. Muito interessante o depoimento. Sabemos que faz parte da vida real. Mas dou graças por não estar em nenhuma das posições, nem na de demitir, nem na de ser demitido. Raro é ler um depoimento sincero sobre experiências reais de quem está na sua função. Em geral, só se lê isso nesses livros tipo "auto-ajuda do mundo corporativo", que inundam livrarias de aeroportos. As pessoas, em geral, apenas travestem seus atos como absolutamente racionais e necessários, que de fato são, mas você não descartou falar sobre o aspecto humano, seus sentimentos envolvidos.
    Enfim, se é inevitável, que alguém o faça pelo menos com um critério sincero e justo segundo sua análise e seus valores.
    Boa sorte em suas decisões!
    Abraços

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    1. Alex, meu querido, sabe o que eu fiz hoje logo cedo? Fiz uma reunião com todos que trabalham comigo! Supervisores, analistas, estagiários. Como na sexta-feira o clima estava pesado (e nem poderia ser diferente) e como eu já imaginava que hoje seria um “velório”, na sexta mesmo já agendei essa reunião. E todos falaram. Eu acho ótimo isso, inclusive eu deixo todos à vontade pra falarem o que estão sentindo. Sem pauta, sem um direcionamento, apenas deixo a questão: o que você está sentindo? Você não faz ideia do quanto podemos aprender com isso!

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  4. Faço ideia, sim, meu caro, mas também imagino de que seja necessário ter muita coragem, porque, de alguma forma, numa reunião dessas tu te desnudas, mostra um pouco da tua alma, e convida todos a se desnudarem, todos a encarar a realidade: que existe uma força além das vontades dos que ali estão (chamemos a essa força o patrão, os acionistas controladores, o poder econômico, que diabos de nome queiram dar), nas nesse momento as pessoas se sentem humanos, no meio de humanos, e ficam sabendo que, se é algo inevitável, já que aqueles que têm o poder decidiram, que pelo menos saibam que não estão sendo considerados coisas, mas sim seres humanos, e que é difícil para eles, as "vítimas" do momento, mas não é nada fácil também para quem decide, para os que continuam. Em outras palavras, tu humanizas uma coisa que é desagradável a todos. E assim, sentindo-se parte da humanidade, talvez fique mais fácil também para eles encararem a nova situação e partirem em paz em busca a um novo destino!
    Se a dor é inevitável, que aconteça com respeito e dignidade! Que seu anjo sempre te ilumine!
    Bjos.

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  5. Por essas e outras, prefiro ser subordinado e fujo das "chefias"...

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