Ontem ele foi embora. Depois desse tempo todo em que esteve
comigo, tendo sempre uma paciência quase infinita (reconheço que fico – ou será
que sou? – um ser absolutamente chato quando tenho algum problema físico!), foi
tão estranho voltar sozinho pra “casa”. Eu tenho uma grande dificuldade para me
ajeitar em um lugar que não seja “meu”... além do que eu já havia me acostumado
a ter alguém com quem conversar, tomar um café, um chá, antes de dormir... além
do que... isso tá parecendo o muro das lamentações (rs).
Demorei pra dormir, quase me atrasei para acordar, o
trabalho não rendeu. Aliás, está sendo muito difícil esse ritmo lento por aqui,
as pessoas parecem não querer me sobrecarregar. Praticamente tudo já chega sem
grandes problemas, quase sempre com a necessidade apenas de aprovação, com
raros retoques. Entro e saio no horário, sem correria. Sei não, mas acho que
não fui feito para esse tipo de maré mansa. Dois parágrafos e continuo
reclamando! Chega de mimimi...
No aeroporto, na hora do embarque, ele apenas disse: me dá
um abraço? Não sei o que senti. Um pouco de tristeza, um pouco de vontade de
querer que ele não fosse. Sei que ele suspendeu a própria vida, seu trabalho,
deixou tudo pra ficar comigo. Sou grato por isso. Mas, o que senti vai um pouco
além. Devo estar procurando o sentido desse meu sentir, o sentido da minha vida.
Há algum tempo atrás eu não hesitaria em dar força pra que ele voltasse a se
dedicar mais à sua própria vida. Hoje, não sei o que pensar. Eu queria ter
falado alguma coisa, eu tinha (tenho) muita coisa pra falar. Na hora não saiu
nada, além do abraço apertado. Foi diferente aquele abraço.
Sábado, um pouco antes de irmos pra cama, ele, pela
milionésima vez, disse que gostava muito de mim e queria que eu tivesse certeza
que sempre, em qualquer hipótese, eu poderia contar com ele. Engraçado, eu
achei que ele estava mais forte, mais sereno... nossa, como estou atrapalhado
pra descrever o que ando sentindo! A gente se conhece há 20 anos, confiamos
cegamente um no outro, temos uma relação absolutamente franca e aberta. Mesmo
assim, eu sinto algo diferente nele. Será que ele amadureceu mais que eu nesses
últimos tempos? Será que estou com algum remorso por saber do seu sentimento
por mim e, durante esses anos todos, especialmente agora, ainda não ter dado
uma chance? Será que eu o faço sofrer?
Hora de ir pra cama, que amanhã é um novo dia...
“Dusk trims
the sound from the fading day
To the
whispering banks
And what
the summer frogs say
We know
this river in different ways
But we love
it the same, we love it the same
We need it
the same, I think I need it more every day…”
Belas indagações... Pra mim, vc tá no caminho certo: se indagar mais sobre o que VOCÊ sente do que sobre o que vc especula que ele possa estar passando/sentindo...
ResponderExcluirNa multidão, um homem pontapeou disfarçadamente uma pomba muitas vezes antes de recolhê-la.
ResponderExcluirHá uma só vida e envolvê-la-emoa com escamas, há uma só vida e cobri-la-emos com palavras dos outros, apalpa-la-emos dissumuladamente várias vezes, antes de decidir que a queremos. (A VITÓRIA DOS DESOBEDIENTES, Omar Peréz)
Tudo tem seu tempo certo meu amigo ... ele te esperou e te espera pacientemente ... talvez tenha chegado a sua hora e assumir alguma atitude mais concreta ... só supondo por aqui ...
ResponderExcluirBeijão