Dobro uma esquina, atravesso a rua. Os carros param. Ando e
não reconheço os lugares, as pessoas. Nenhuma lembrança, ou saudade. Um lugar
que evocasse a vida em mim, pessoas sem impessoalidade. Como o garçom
atrapalhado da lanchonete perto de casa, que sempre pisca os olhos quando
percebe que errou. Ou a moça do caixa da farmácia da rua detrás, sempre muito
simpática, parecendo querer adivinhar pra que serve aquele remédio. Sabe aquela
lanchonete, até um pouco caída, mas que tem um expresso, pronto a pausar suas
dúvidas existenciais? Então, aqui não tem! Aliás, nem café com gosto de café
tem. Ou será que me falta descobrir?
As pessoas até são gentis, atenciosas. Mas, falta algo.
Talvez seja culpa da minha sensação de não pertencimento. Talvez a cidade
mesma, que insiste em não ser minha. Quem sabe daqui a um mês, dois. Quem sabe
um dia.
“As the
cheerless towns pass my window
I can see a
washed out moon through the fog
And then a
voice inside my head breaks the analogue
And says:
Follow me
down to the valley below, you know
Moonlight
is bleeding from out of your soul…”
Mas q lugar é este? Ou será q vc é q se perdeu da realidade?
ResponderExcluirAo ler teu post, a primeira coisa que me veio a mente foi uma a citação de uma frase que Camille Claudel escreveu para Rodin em uma carta que dizia: Il y a toujours quelque chose d’absent qui me tourmente! Algo do tipo... "há sempre alguma coisa ausente que me atormenta"...
ResponderExcluirEntão... acho que essa sensação me acompanha a um bom tempo, sempre "um forasteiro", sempre um visitante, estranho a sensação de que tudo é meio temporário.... A seu favor eu diria que pelo menos é temporário e você já sabe onde está seu porto seguro, então... tal qual as cruzadas é ir um dia após o outro, para vencer essa batalha e logo estar de volta...
Abraço Grande!
PS > Adorei a música...
Para de falar que sente saudade de mim, um homem grande, lindo e loiro desses!
ResponderExcluirlindo texto!
ResponderExcluirTexto fantástico, que me lembrou aquela famosa frase:
ResponderExcluir"E é só você que tem a cura pro meu vício de insistir nessa saudade que eu sinto de tudo que eu ainda não vi"...