quinta-feira, 23 de abril de 2015

Vida

Dobro uma esquina, atravesso a rua. Os carros param. Ando e não reconheço os lugares, as pessoas. Nenhuma lembrança, ou saudade. Um lugar que evocasse a vida em mim, pessoas sem impessoalidade. Como o garçom atrapalhado da lanchonete perto de casa, que sempre pisca os olhos quando percebe que errou. Ou a moça do caixa da farmácia da rua detrás, sempre muito simpática, parecendo querer adivinhar pra que serve aquele remédio. Sabe aquela lanchonete, até um pouco caída, mas que tem um expresso, pronto a pausar suas dúvidas existenciais? Então, aqui não tem! Aliás, nem café com gosto de café tem. Ou será que me falta descobrir?

As pessoas até são gentis, atenciosas. Mas, falta algo. Talvez seja culpa da minha sensação de não pertencimento. Talvez a cidade mesma, que insiste em não ser minha. Quem sabe daqui a um mês, dois. Quem sabe um dia.

“As the cheerless towns pass my window
I can see a washed out moon through the fog
And then a voice inside my head breaks the analogue
And says:
Follow me down to the valley below, you know
Moonlight is bleeding from out of your soul…”


5 comentários:

  1. Mas q lugar é este? Ou será q vc é q se perdeu da realidade?

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  2. Ao ler teu post, a primeira coisa que me veio a mente foi uma a citação de uma frase que Camille Claudel escreveu para Rodin em uma carta que dizia: Il y a toujours quelque chose d’absent qui me tourmente! Algo do tipo... "há sempre alguma coisa ausente que me atormenta"...

    Então... acho que essa sensação me acompanha a um bom tempo, sempre "um forasteiro", sempre um visitante, estranho a sensação de que tudo é meio temporário.... A seu favor eu diria que pelo menos é temporário e você já sabe onde está seu porto seguro, então... tal qual as cruzadas é ir um dia após o outro, para vencer essa batalha e logo estar de volta...

    Abraço Grande!

    PS > Adorei a música...

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  3. Para de falar que sente saudade de mim, um homem grande, lindo e loiro desses!

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  4. Texto fantástico, que me lembrou aquela famosa frase:

    "E é só você que tem a cura pro meu vício de insistir nessa saudade que eu sinto de tudo que eu ainda não vi"...

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