quarta-feira, 5 de junho de 2013

Café com Leite e outras Bebidas

Quando estou quieto no meu canto, minha mente se ilumina com algumas cenas, como num filme, de momentos que vivemos. A maioria de uma simplicidade tão grande, que não sei como puderam se fixar dessa forma em mim. Em uma, que é bem recorrente: ele ainda estagiário, sempre nervoso e atrapalhado, entra em minha sala e me ouve criticar o seu trabalho. Ouve tudo calado, aquele jeito de “muxoxo” (rsrsrs), pega o trabalho e saí pisando duro. Eu a-do-ra-va isso! Vê-lo de costas, se retirando, bundinha empinada (meu sonho, então inconfesso...).

Eu sou do tipo branquelo, com cara de alemão bravo, sério (mas um doce por dentro... só pra avisar... rs) e ele, todo mignon, aquela cor que me fascinava, olhos vivos, sempre bem abertos, contrastando com os meus, mais apertados. Vivemos aquele ano numa paquera não declarada, nenhuma palavra, apenas gestos. Eu sabia, ele sabia, mas nenhum dos dois ousava.

Um fim de tarde, convidei-o pra um café. Pedi o meu puro: eu gosto de café puro e forte! Ele olhou pra mim (aquele olhar que me desorientava por completo): eu prefiro café com leite. Nossa! Duzentas intenções, duzentos significados naquelas palavras, e que apenas os nossos olhos desvendavam!

E tem a cena mais lembrada, a que resiste em mim e surge sempre, nas noites do eu sozinho, antes de dormir. Quando terminou o seu estágio, eu já completamente sendo dele (sem o ser de fato) achei por bem (atitude das mais sábias da minha vida) indicá-lo para uma vaga que havia surgido em outro departamento. Algumas conversas, ponderações e ele foi efetivado. Quando eu contei pra ele... tomando fôlego aqui... nossa!... ainda consigo ver o seu rosto de felicidade! Era uma sexta-feira. Convidei-o (pela primeira vez!) pra comemorar comigo. No meu apartamento.

Ele era de família simples, tímido ao extremo, não acostumado a bebidas mais fortes. Eu fiz uma tábua de frios (a maioria ele não conhecia), alguns queijos... hoje vamos tomar uísque! Jack Daniel’s (que mente maligna a minha!... kkkkkk), aquele sabor mais fácil pra marinheiros de primeira viagem. E ele adorando tudo!

Lá pelas tantas, sentados no sofá, ele já visivelmente “amaciado” (de leve, tá!) começou a falar. Era a primeira vez que o seu coração falava por seus lábios. Começou a me agradecer por tudo o que eu tinha feito por ele, o tanto feliz que ele se sentia, etc. Aí, parou... disse que precisava falar uma coisa, que mesmo se quebrasse a cara, se perdesse a minha amizade, ele tinha que falar. Imaginem como eu me sentia! Entre lágrimas que começavam a escorrer pelo seu rosto, saiu um “eu te amo, cara!”... meu Deus!!!

Ele ali, encolhido no canto do sofá... sei lá que medos, receios, passavam por sua cabeça! Abri meus braços pra ele, puxei pra perto de mim, pousei sua cabeça sobre o meu peito... meu anjo, você é a minha vida! fica pra sempre comigo?  


5 comentários:

  1. Puta merda, já vi que esse blog vai me por pra chorar... Dessa vez acabou antes de correr... Se fosse um pouco maior já era...

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  2. tá, chorei! a pessoa quer me destruir mesmo neste blog. isso foi de propósito, friamente calculado que eu sei.

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  3. Ih, sério que vocês ficaram tristes?! Eu sempre achei que, de todos os nossos momentos juntos, esse foi o mais delicado, o mais puro, não sei se essa é a palavra, mas dá pra entender, né? Desse jeito acho melhor nem contar as coisas tristes que vivemos...

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    1. não choramos pq ficamos tristes, choramos pq nos emocionamos. e vc acha que eu não ia me emocionar com um pedido de namoro lindo como esse? LINDO!!

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  4. Gente... Coisa de filme isso aqui, hein??? Quase chorei também! muita emoção!

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